domingo, 17 de fevereiro de 2008

Roteiro do Tríptico de Luciano



Roteiro do Tríptico de Luciano
Óscar Paxeco

Setúbal, Câmara Municipal de Setúbal, 3.ª edição, 1999
82 p., ilustrado

A obra:

Pequenas biografias dos personagens retratados no Tríptico dos Setubalenses Ilustres, da autoria do pintor setubalense Luciano dos Santos (Setúbal, 25 de Março de 1911 - Lisboa, 12 de Dezembro de 2006). Esta obra encontra-se no Salão Nobre dos Paços do Concelho de Setúbal.


O autor:

Acácio Óscar Baptista Paxeco (Setúbal, 1904 - 1970), jornalista.


O pórtico, escrito pelo autor:

«Hino de Glória bem podia ser a legenda doirada, luminosa e certa deste Tríptico em que a arte e o talento de Luciano, postos ao serviço de um bem sentido e enraizado amor a Setúbal, ergueram o melhor e mais belo Te-Deum de beleza e graça à sua e nossa terra, na glorificação magnífica de alguns dos seus mais altos valores espirituais e intelectuais.
Melhor pensando, porém, talvez achemos que esta extraordinária obra de arte — que temos como já notável página da pintura contemporânea, síntese expressiva do valor duma gente que, em séculos longos de vida laboriosa e meritória, jamais deixou de ser colmeia de intelectuais — prosadores, poetas, artistas — ficará sendo, desde agora, e pelos tempos além, a justificação eloquente e inequívoca daquela afirmação um dia lapidarmente feita por Teófilo Braga:
«Numerosos vultos históricos tiveram o seu berço em Setúbal que foi desde o fim do século XV um centro de distintíssima sociabilidade; magistrados e dignitários eclesiásticos como D. Gonçalo Pinheiro que em 1553 assinou a carta de perdão a Camões; Vasco Mousinho de Quevedo, épico notável entre a pléiade quinhentista; os Cabedos jurisconsultos célebres e também poetas; as extraordinárias irmãs Cecília Rosa de Aguiar, trágica do século XVIII, e D. Luísa Todi, a cantora que deu expressão ao bel-canto italiano, vencendo a Mara, apesar do seu método irrepreensível, deixando na história da música dramática um nome inolvidável; e neste valioso panteon destaca-se Bocage, representando a poesia repentista e imaginosa, rompendo com o falso gosto arcádico...»
De hoje em diante o notável Tríptico de Luciano ficará sendo, repetimos, a ilustração viva, a desentranhar-se em esplendor e glória, da apreciação justíssima de Teófilo. E muitos de nós, setubalenses, nados, baptizados e criados neste lindo e adorável rincão que é a nossa terra, viremos, porventura, encontrar aqui surpresas, tomar contacto e fazer conhecimento com muitos dos nossos que mal conhecíamos ou mesmo ignorávamos.
É tudo isto que faz do Tríptico que desde hoje fica a embelezar o Salão Nobre dos nossos Paços do Concelho uma grande lição de história, da história da nossa cidade, que a todos nós cumpre conhecer, para melhor a poder amar, no orgulho de quem se ufana dum grande passado de nobreza.
Nesta obra quer colaborar, na humildade das posses de quem o escreve, o presente Roteiro do Tríptico de Luciano, que, em breves regras de apontamento, recordará, embora a traços largos, as biografias dos setubalenses ilustres que mereceram à sua pátria-natal a consagração que aí fica.
Mas, o setubalense obscuro que assina este trabalho e cujo nome fica, também, de ora avante ligado, ainda que imerecidamente, a uma obra que é das que maior honra e renome darão ao nosso querido berço de origem, quedaria de mal com a sua consciência se, ao lado do nome de Luciano, o Pintor que pintou, a arte que criou, não inscrevesse o desse outro setubalense que o tornou possível e no amor à sua e nossa terra o idealizou: o dr. Miguel Rodrigues Bastos, um nome que velha amizade obriga a escrever sem adjectivos, mas ao qual a nossa gratidão de setubalenses jamais poderá negar o mais clamoroso e devido agradecimento.
Do valor do Tríptico como obra de arte não falaremos em pormenor. Não nos cabe o que à crítica pertence, nem esse é o papel deste modesto trabalho, em cuja factura seguimos não a ordem cronológica, não a do valor geralmente estabelecido, dos retratados, mas aquele por que o Pintor os dispôs nos três painéis, para que assim mais fácil seja ao observador ilustrar com a figura do biografado, a pobreza das linhas da biografia.
E na consciência de que a nossa terra fica, neste Tríptico de Luciano, com a mais bela e linda ilustração da sua história, nos contentamos e compensamos da certeza de que não fomos capazes, por nosso mal, de realizar aquele trabalho que a grandeza desta obra de arte merecia.
Fizemo-lo, porém, como soubemos, pondo nas mãos, alma aberta, o nosso coração de setubalenses.»


O índice

Intróito à 3.ª edição, por Manuel da Mata Cáceres
O Tríptico de Luciano revisitado, por Fernando António Baptista Pereira

Pórtico
Painel dos religiosos:
Padre Joaquim Silvestre Serrão
D. Pedro Fernandes Sardinha
D. Gonçalo Pinheiro
Frei João Pinheiro
Frei Agostinho da Cruz
Painel central:
Luísa de Aguiar Todi
Vasco Mousinho de Quevedo
João Soares de Brito de Barros e Vasconcelos
Chanceler Jorge de Cabedo
Manuel Maria Barbosa du Bocage
António Rodrigues da Costa
Rodrigo Ferreira da Costa
Vicente José de Carvalho
A alegoria ao foral:
Navegadores e Cronistas:
Manuel Maria Portela
Manuel Fran Paxeco
Fernando Garcia
António Maria Eusébio
Painel dos artistas:
Morgado de Setúbal
João Vaz
José Maria Pereira Júnior - Pereira Cão
Frederico do Nascimento
João Gomes Cardim
Plácido Stichini

Nota final sobre outros setubalenses ilustres, sobre a decisão de execução da obra e acerca da inauguração.


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